Cleber Dias
Wecisley Ribeiro do Espírito Santo
Conversamos com Thiago Mello, advogado, ativista social e empreendedor ligado a promoção de eventos e atividades culturais diversas. Recentemente, Thiago ocupou o cargo de subsecretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Nova Friburgo, no interior do Rio de Janeiro. O acúmulo de experiências junto a empresas, governos e organizações não-governamentais ao longo de mais de 20 anos, tanto no âmbito da cultura quanto em outros ramos produtivos, coloca-o em posição privilegiadíssima para analisar a relação entre cultura e desenvolvimento local.
Dentre os vários assuntos da conversa, Thiago comentou sobre os obstáculos e entraves para o desenvolvimento da cultura e para o uso da cultura em favor do desenvolvimento em cidades de médio e pequeno porte. De um lado, ele citou aspectos estruturais tais como ausência de equipamentos de cultura e espaços de convivência, que dificultam a profissionalização de artistas e produtores. De outro lado, ele citou também limitações nas políticas e nas ações do poder público, que vão desde a escassez de recursos de secretarias municipais e falta de priorização deste setor, até a pouca transversalidade da visão predominante sobre a cultura, que acaba por subestimar possíveis articulações com áreas da educação, da saúde, da economia ou do desenvolvimento urbano.
Thiago comentou também sobre os limites dos modelos vigentes para o financiamento público das artes e da cultura, cuja capacidade de alcançar artistas e produtores que não apenas os mais conhecidos do grande público é ainda limitada. Mais de 80% dos projetos aprovados na lei Rouanet não conseguem captar recursos junto a empresas. Conforme explica Thiago na conversa, um dos primeiros erros dos realizadores que buscam recursos por meio deste expediente é o de imaginar que seus projetos podem de fato colaborar com as estratégias publicitárias e de posicionamento de marca das empresas. As empresas, contudo, geralmente já têm uma estratégia publicitária bem estruturada para as suas marcas. Empresas que eventualmente não o tenham é porque não entendem do assunto e serão, portanto, incapazes de enxergar tais possibilidades no apoio a projetos culturais e artísticos.
Nesse contexto, Thiago mencionou o Laboratório de Apoio ao Empreendedor Cultural, iniciativa da Prefeitura de Nova Friburgo, que ele vê com potencial de ser ampliado e reproduzido em outros municípios. Foi citada também a Agência de Desenvolvimento do Polo de Audiovisual de Nova Friburgo e Região, Serração, que em 3 anos atraiu 5 longas-metragens para a cidade, gerando cerca de 7 milhões de reais em investimentos.
O vídeo com a conversa está disponível no canal do Temperança Política no You Tube.
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