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DESCOBERTA SURPREENDENTE SOBRE O CORONAVÍRUS

Foto do escritor: Wecisley RibeiroWecisley Ribeiro

Wecisley Ribeiro do Espírito Santo


O SARS-CoV-2 não é novo no organismo humano. Eis a conclusão inusitada a que nossas pesquisas recentes conduziram. Ela resultou do mapeamento de um processo bioquímico aparentemente desprovido de qualquer correlação com a doença que fez da humanidade inteira refém de si mesma – voltarei a este ponto. Nosso corpos são há anos hospedeiros do coronavírus.


O fato novo que desencadeou a pandemia refere-se antes a uma mutação na medula óssea humana que, por seu turno, alterou de modo radical a estrutura micromolecular dos linfócitos B, por assim dizer, esterilizando-os. De modo que estes gêneros especiais de glóbulos brancos deixaram de produzir os anticorpos específicos que por anos nos protegeram da pior praga jamais temida, mesmo nos pesadelos mais terríveis de Faraós do Egito. Improdutivos os nossos preciosos leucócitos, um vírus antes inofensivo tornou-se devastador.


A descoberta inesperada veio com uma despretensiosa investigação no terreno da fitoquímica. Estávamos interessados em compreender a complexa cadeia de alterações micromoleculares desencadeadas pela produção de arroz geneticamente modificado. Para que o cereal se tornasse resistente ao estresse ambiental foi necessário estimular a superexpressão gênica da enzima denominada arginina descarboxilase. Ocorre que esta modificação conduziu ao acúmulo de metabólitos imediatos e secundários da arginina, tais como agmatina, putrescina, espermidina e espermina. Todas estas substâncias podem interagir com receptores químicos e atuar como neuromediadores humanos.


Pois bem, foi provavelmente o excesso destes metabólitos da arginina no organismo, decorrentes do consumo de arroz transgênico, o fator que desencadeou as mutações imunológicas que nos suprimiram os anticorpos do SARS-CoV-2. Em contato com a medula óssea estes neurotransmissores artificiais estimularam a esterilização dos linfócitos B. E um vírus já dominado pelo sistema de defesa do homo sapiens encontrou em sua própria sapiência, à maneira de um lutador de judô, o calcanhar de Aquiles de que necessitava para submeter este outro semideus que por milênios submetera a natureza inteira, plasmando à sua imagem e semelhança uma idade da Terra – o Antropoceno.


Tudo o que está dito acima não passa de literatura de ficção, temperada com misturas apócrifas de achados de pesquisas sobre alimentos transgênicos (por exemplo, um estudo de 2019 de Luciana Zaterka). O itinerário fantasioso (ou fantasmagórico) foi escolhido arbitrariamente. Poder-se-ia ter seguido o caminho alternativo que conduz da destruição das florestas, passando pela intensificação do contato entre humanos e animais selvagens, até o contágio pelo coronavírus. Por seu turno, o confinamento, escravização e estresse massivo de animais para abate, como fábrica de proteínas e, portanto, a gigantesca incubadora de vírus planetária em que se converteu a pecuária talvez tivesse o mesmo potencial literário para gerar perplexidade que o relato pseudo-científico aqui ensaiado. Opções de potenciais catástrofes provocadas não nos faltam.


Por aleatória que seja no campo da insensatez ecológica e econômica, contudo, minha opção não é politicamente gratuita. Os alimentos transgênicos integram um sistema societário que inclui não apenas corporações interessadas na engenharia genética, mas também na produção e distribuição global de veneno, na concentração de terras, no desmatamento, no lobby do boi e da bala que extermina os povos originários. Corporações, por conseguinte, interessadas na concentração massiva de gente nas cidades, vivendo sob as mais precárias condições habitacionais, laborais, sanitárias, educacionais.


Isto nos leva a questões tão inevitáveis quanto ignoradas por muita gente crítica. Como fazer lockdown quando todos em casa são trabalhadores do comércio popular ambulante? Quando há seis pessoas por dormitório, sendo este apenas um? Quando, em um raio de apenas trinta metros, há dezenas de famílias vivendo de modo rigorosamente idêntico, em um padrão que se replica a perder de vista, sobre desmedida mancha fractal de desalento? Quando as opções disponíveis são entre morrer talvez de Covid ou morrer de fome?


Uma classe média escolarizada, alimentada e recreada culpabiliza os “pobres ignorantes” pela disseminação incontrolável do vírus, cega frente à própria anestesia. Seus integrantes viajam amiúde para casas isoladas na praia ou nas montanhas, ladeados durante seis ou sete horas por ininterruptos latifúndios improdutivos. E não lhes ocorre pensar que as condições de vida das favelas não podem ser naturais. A insegurança alimentar, laboral e habitacional de mais da metade da população brasileira, que coexiste com mais da metade das terras agricultáveis abandonadas, sob o signo da especulação imobiliária não pode ser natural.


Mas a pior das ilusões é a crença de que a vacina vai encerrar o cerco mundial! Aglomerações e confinamentos não são fenômenos novos; animais escravizados e descendentes animalizados de escravos humanos já os experimentam há séculos. É este regime econômico planetário, que inclui uma dieta de substâncias artificialmente superexpressas a interagir com organismos naturalmente artificiais, que começou a engendrar o SARS-CoV-2. E ele não parece encontrar razão alguma para se conter.


Se alimentamos a pretensão a algum gênero de novo normal, que ele transite pelo caminho natural da reforma agrária! Não apenas para que nossas cidades e pulmões se tornem mais respiráveis. Não apenas para que nossas estradas e nossas habitações sejam menos obstruídas, bem como nossos olhos. Não apenas para que cinturões verdes, cultivados por trabalhadores libertos do cárcere urbano (aquela condição de refém aludida acima que o coronavírus democratizou), nos sirvam alimentos salutares. Não apenas para que nossos leucócitos, eritrócitos, medula óssea, tecidos, órgãos e afetos se façam mais saudáveis. Não apenas para mitigar as consequências trágicas e inevitáveis do Antropoceno e do Capitaloceno (sim, apesar de toda a devastação, o Brasil ainda é um paraíso ambiental com potencial para se defender desta era geológica infernal). Se pretendemos vislumbrar um novo normal precisamos todos, como sociedade civil e como nação, levantar a bandeira da reforma agrária porque é ela a descoberta de fato surpreendente, embora de uma obviedade escandalosa, a que o coronavírus deveria nos conduzir.


No antigo Egito, o coração endurecido de Faraó resistiu a nove pragas, curvando-se finalmente à morte de seus primogênitos – a décima delas. Estamos na primeira praga. Que a reforma agrária – como farol de um novo pacto civilizatório – desponte no horizonte sem que, antes dela, precisemos assistir à extinção de nossa descendência!



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