Inspirado no texto O MENINO QUE NÃO SABIA ONDE ERA O BRASIL, de Camila Galvão.
A caminho do aeroporto antecipa mundo de neve e luz.
Na janela o brilho natalino se faz senda luminosa.
Segue só no trem, qual trenó que ao misterioso conduz.
Quantas vezes sonhou conhecer a causa da publicidade radiosa!
Busca o tempo/espaço a que se atribui o nascimento de Jesus.
Com nome e olhos de anjo rufla asas por distância prodigiosa.
Perscruta no espaço exterior o que em seu íntimo se produz.
Onde os pais, protetores da criança graciosa?
De São Paulo a Guarulhos, invisível, é indiferença que traduz.
No saguão do aeroporto chega ao fim sua aventura corajosa.
Não há voos a Papai Noel para a classe que lhe aduz!
Deve retomar austeridade, sufocar imaginação dadivosa.
Procura o Brasil que não lhe chega e cuja fama lhe seduz.
Lhe mentiu o mundo inteiro com propaganda enganosa!
Que desencantamento prematuro a existência terrena produz!
Mas Miguel se preserva pertinaz criança fantasiosa!
Conhece no Natal do Cristo a simplicidade que reluz!
Da estrebaria humilde surgiu na Terra Felicidade portentosa!
Não com sofisticação que o sentido profundo reduz!
Teve amor de Maria e José; isto busca Miguel em odisseia valorosa!
Há de encontrar! Senão agora, junto aos filhos a que faz jus.
Afinal, o Natal é Miguel, ingênuo, pobre, de espiritualidade venturosa!
Em cada pequenino aflito, renasce, bem aventurado, o Redentor da Cruz!
Por meio deles, nas fraturas da opulência, brota a justiça, lenta e ditosa!
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